quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Prós e Contras: 9 ilhas num Oceano


Ouvi na televisão o anúncio do programa Prós e Contras que, ao que parece, vai ser dedicado ao tema "9 ilhas num Oceano" e confesso que fiquei bastante intrigada. 
Não é para menos! 
Desde que no mesmo programa vi discutir-se o futuro de Deus que agora estou com uma certa expectativa que apareça lá alguém a defender que é contra os Açores (assumindo que as 9 ilhas em questão são as dos Açores e não um mix qualquer que aglomere uma das ilhas do arquipélago da Madeira e mais umas três ou quatro de Cabo Verde e a ilha do Príncipe) estarem ali no meio do oceano. 
Já estou a ver a coisa: "Olhe, Fátima, eu pessoalmente sou bastante contra aquelas ilhas estarem por ali largadas no meio do mar. Já reclamaram autonomia e sabe Deus (que certamente terá futuro se tiver amigos nos lugares certos) que mais. Têm um sotaque próprio que está ali naquele limbo idiomático entre a língua oficial e o dialecto. Têm queijos do tamanho de rodas de carros. Enfim, tudo isto me leva a pensar que não há razão para aquelas ilhas estarem ali."
Depois virá, certamente, outro entendido, que dirá: "Não podia estar mais de acordo, mas não é só isso! É que à autonomia acrescem questões climatéricas discriminatórias em relação ao resto do território português; é que os Açores, por estarem ali onde estão, têm o seu próprio anti-ciclone; regalias que não são extensíveis a mais nenhuma região do país! Portanto eu não vejo razão nenhuma para aquelas 9 ilhas ali estarem! Por mim, era mudá-las para o Tejo, onde ficavam bem à vista de todos!"
E o pessoal dos prós certamente também terá muito a dizer: "O Sr. Dr. não tem razão nenhuma, deixe-me que lhe diga! As ilhas estão muito bem onde estão e não há razão nenhuma de fundo para ali não estarem. Vai para uma mão cheia de anos que ali estão e era aborrecido tirá-las agora de lá. Só a trabalheira que era mudar os mapas mundo..."
Mas há mais: "Sou completamente a favor das ilhas estarem num oceano, acho que se estivessem em dois ficavam divididas e isso era uma dualidade que actualmente não existe e que não traria benefícios!"
Enfim... deixem lá estar as ilhas que não há muitos lugares com paisagens assim:



2 comentários:

  1. recomendo que reveja a sua indicação de que nos açores há "um" sotaque. além disso, se não entende algum dos diferentes (e imensamente diversos) sotaques das ihas desse arquipélago, é uma questão apenas de falta de familiaridade sua quanto à pronúncia e não de qualquer aspecto "dialectal" correspondente a diferenciação das palavras (todas elas portuguesíssimas, iguais às suas, e as suas iguais às "deles").

    a referência ao tejo "onde ficariam à vista de TODOS" revela, no "todos", uma visão altamente etnocêntrica, o que parece demosntrar que confunde Portugal ("todos") com a Grande Lisboa ou, no máximo com todas as populações confluentes com o dito rio.

    O programa foi um desastre, aliás, precisamente porque a apresentadora deve ter concordado consigo, de que não haveria nada para discutir, além do mar, dos aspectos naturais e nada que dissesse respeito ao tecido social das diferente ilhas, com discussões tão prementes (nem mais nem menos) do que outras terras. Aliás, não faz sentido que, ao fazer-se o programa habitualmente por referência a assuntos restritos e localmente tratados, neste caso, não o fazer face a cada uma das cidades ou concelhos de cada ilha ou tocando sequer um assunto ou só por tema. Ridículo, sem jeito nenhum. Um total fracasso, de princípio e por fim.

    Enfim, não chegamos a lado nenhum com visões tão pequeninas da realidade (aquelas e outras, como as suas)

    Bom Natal

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    1. Caro/a Anónimo/a:

      Foi com grande emoção que recebi o seu comentário ao meu post sobre o título do programa Prós e Contras e, embora tolhida pela "grandeza" do mesmo, não pude deixar de lhe responder. Não é todos os dias que alguém me faz rir tanto.

      Para começar, e para quem acusa os outros de visões pequeninas, gostava de lhe dizer que se tivesse lido ("visto") o meu post com atenção ter-se-ía apercebido que se tratava de uma paródia ao título do programa e não ao tema em si. Mas já vamos aí voltar.

      Se, para além de ter descarregado a sua óbvia frustração em relação ao programa em causa no sítio adequado (provavelmente a página da RTP), se tivesse dado ao trabalho de olhar para o conteúdo deste blogue ter-se-ía apercebido que a sua grande visão e aparente (não vou assumir que não tem sentido de humor porque isso seria redutor) falta de sentido de humor não se coadunam com o que aqui se trata. Acha mesmo que o Mousse de Mosca, um blogue que encoraja as pessoas a oferecer corta-unhas como prenda de Natal, divaga sobre pensos higiénicos de mentol e tece considerações acerca sexualidade duvidosa do Winnie the Pooh, é o local adequado para a sua frustração? Como se diz nos Açores, "um tolo calado passa por discreto"! Veja lá que até conheço as expressões "deles" (adorei este seu pormenor!).

      Aforismos à parte, concedo que o meu humor não lhe agrade. Há quem goste, mas o/a Anónimo/a (esta sua indefinição dá-me o dobro do trabalho) aparentemente não é uma dessas pessoas. De todo o modo e gostos à parte, dizer que a minha visão é pequena porque simplesmente não se deu ao trabalho de ler com atenção o que eu escrevi é que é, parece-me, pequeno.

      O post em causa visa unicamente fazer uma paródia ao título do programa e, para tal, simula possíveis argumentos patéticos a favor e contra a localização das ilhas no meio do oceano. Na sua grande visão lamento que não esteja, aparentemente, familiarizado com o humor "nonsense", porque senão ter-se-ía de imediato apercebido que era disso que se tratava em vez de verter no meu blogue a sua indignação contra o conteúdo de um programa que não mereceu o seu agrado.

      Quanto aos argumentos expressados pelos comentadores fictícios a favor e contra a permanência das ilhas no meio do oceano (sim, porque a mudança das mesmas para o Tejo é perfeitamente possível...hum, já agora, isto era sarcasmo) eram os chavões do costume sobre os Açores que qualquer Açoreano (como EU, sim! EU SOU AÇOREANA! Pasme-se!) está habituado a ouvir desde que nasceu e, confesso-lhe, a mim nunca me incomodaram!

      Portanto, quando me diz que nos Açores não há "um" sotaque lamento ter de lhe explicar que se tratava de uma simplificação com propósitos humorísticos. Pareceu-me evidente, mas pelos vistos para si não foi!

      Quanto à minha, na sua perspectiva,visão altamente etnocêntrica... olhe, nem sei que lhe diga! É tão desprovido de propósito este seu argumento que até eu, que sou capaz de escrever sobre a insustentável leveza das hemorróidas (um post de grande utilidade, aconselho-lhe a leitura, aliás) e a importância do sexo no basebol (esse é melhor não ler; não me parece que vá gostar), me vejo impossibilitada de perceber como é que o/a Anónimo/a foi capaz de chegar a tão brilhante (permita-me o elogio...era sarcasmo novamente, caso não tenha "visto") conclusão! É que inferir, a partir de um argumento fictício que defende que se deve mudar os Açores para o Tejo para ficarem à vista de todos, que eu confundo Portugal com a Grande Lisboa é do mais rebuscado que tenho visto! Acho que lhe devo dar os parabéns! Que grande visão, realmente! O/A Anónimo/a vai chegar a muitos lados, é o que lhe posso dizer! Só eu mandava-o/a já para uma data de sítios, não fosse o/a Anónimo/a poder levar a mal por não "visionar" o aproveitamento humorístico do seu próprio argumento em meu proveito. Uma pena, de facto...

      Bom Natal e um Próspero Ano Novo!

      Zozo

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